sexta-feira, 11 de março de 2011

Um general à vontade - mesmo com previsão de cortes no orçamento

Na terça-feira desta semana, estivemos em Hamburgo, visitando a Academia do Exército alemão.

Lá, fomos recebidos pelo General Maj. Bergmann, que comanda a principal escola das Forças Armadas do país. Pelo que se percebe na foto, logo na chegada sua recepção foi muito calorosa. Aqui na Alemanha o Ministro de Defesa acabou de cair - Karl-Theodor zu Gutenberg, que era o titular da pasta, teve de deixar o cargo após ter sido descoberto que sua tese de doutorado continha inúmeras passagens copiadas de outros trabalhos sem informar a devida fonte. A oposição e a mídia alemã não o perdoaram e ele pediu demissão, ainda que sua tese não tivesse nenhuma relação com seu cargo.

Bergmann, contudo, demonstrou claramente seu desconforto com a situação: zu Guttenberg, Ministro extremamente popular no país, estava implementando reformas que há tempo o setor de Defesa esperava e, agora, não se sabe ainda quais serão os passos a serem tomados pelo novo Ministro.

Em sua fala ao grupo, Bergmann expôs que o exército alemão terá de reduzir seu quadro - mas ampliará sua participação em missões internacionais de paz. "Não temos problemas com nossos vizinhos e temos condições de incrementar e muito nossa participação em outras partes do mundo", disse ele. Tal estratégia corresponde também à ambição germânica de obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. 

O corte em pessoal será geral, já que até 2015 o governo alemão quer economizar 8,5 bilhões de euros apenas no setor de defesa. Uma das medidas recentes do governo foi o fim do serviço militar obrigatório: a partir de agora, só entrará nas Forças Armadas quem se voluntariar a fazê-lo. "Teremos de tornar o serviço militar mais atrativo, e isso inclui mais gastos com mídia e publicidade", disse o general no único momento que demonstrou preocupação real com o fato de que haverá cortes de despesas mas, por outro lado, alguns setores como o de mídia, terão de ser incrementados.

No geral, porém, como escreveu o jornalista Fernando Albrecht em sua coluna, apesar dos cortes que preveem redução do pessoal na Academia de 380 para 300, o general Bergmann estava muito à vontade. Digo mais, estava mesmo satisfeito em saber que havia uma política de redução de custos no governo e não demonstrava contrariedade a ela. Antes, dava-nos a impressão de estar obstinado a seguir à risca as medidas receitadas para recuperar as finanças do governo alemão.

Por Marcel van Hattem - Hamburgo/Alemanha

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